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Longe de casa...

Fazia tempo que não encontrava inspiração e nem sei de fato se agora a encontrei...
Pois bem, meus dias tinham se resumido em dilemas existencialistas para os quais não encontrava as respostas cabíveis. Ou seja, por mais que me interessasse entender as cenas que freqüentavam minha mente, acabava por alcançar muito pouco. Até parece que estou em fase terminal, né?, como se eu tivesse a obrigação de repensar tudo que fiz, de relembrar as metáforas por que fui tachado... Isso é só pra ter uma idéia de como funciona a mente de pessoas como eu. Como diz minha tia, “Quem não tem cabeça pira”. E enlouquece mesmo. Preferi não fazê-lo justamente por não mais encontrar forças para sair do marasmo em que me encontrava. Achei viável me livrar um pouco daqui e até mesmo de mim, uma vez que não conseguia me vingar desabafando. Não agüentava mais perecer no velho disco riscado, repetindo e repetindo e repetindo solilóquios sofridos, tormentos e mais tormentos, como se minha vida só se resumisse a isso. E às vezes nem sofria, viu? Minha visão tava muito tapada, velho. AFFF!!! Daí, deixei que as circunstâncias seguissem seu fluxo natural e me trouxessem a solução para os problemas, sem que eu, louca e desenfreadamente, interviesse conforme me fosse agradável (se bem que até dei uma forcinha, né?). Então, a viagem para a Jampa (João Pessoa), tida como uma mudança definitiva e para a qual não me sentia preparado, teve todo seu significado transmutado. É sempre bom visitar aquela região, isso é fato!, já que as cidades de Pernambuco aonde vou ficam a ínfimos quilômetros dali. Lá, tudo fez-se calmo, era como se todos os dias fossem verões amenos e olhe que, mesmo sendo inverno lá (fazia tempo que não sabia o que era frio de verdade!!!) e a natureza anunciasse uma tempestade latente, todo céu transparecia o mesmo azul da grandeza do mar. Tudo passou a fazer sentido, o mundo inteirinho coube dentro de mim, embora fosse eu um mero pontinho dentro dele. Não há coisa melhor que passar alguns dias em casa, perto dos familiares e dos melhores amigos, e mesmo próximo de pessoas chatas com as quais somos obrigados a conviver uma vez perdida no ano (tenho meus motivos pra pensar desta forma). O verdadeiro lar é o melhor remédio para qualquer cólera.
Todavia, nada é para sempre, né? Nada persiste neste mundo e, quando não é desse jeito, tudo se transforma, assume novas perspectivas. E minha passagem por PE e pela PB foi rápida porque outros caminhos, tortuosos e, igualmente, cheios de flores clamavam para que eu os trilhasse. E agora cá estou, numa cidade meio nova, meio contra mim. Longe de casa DE NOVO, sozinho, solteiro (isso, graças a DEUS!!!), atolado num inferno de leituras (cujo fim não será ruim), numa cidade não bastante caótica nem muito bela quanto o Rio de Janeiro, Recife, São Paulo, correndo os comuns riscos, arriscando na sorte e aprendendo sempre que possível. Sonhos... Desejos... Intenções... Amores... Aventuras... Dores... Saudades... - A projeção perfeita da vida!!! Enfim, FELIZ, ainda que distante. Mas, para a saudade outro remédio já encontrei (ou lembrei que existe): AS LEMBRANÇAS TAMBÉM TRAZEM PAZ, SÃO “SONÍFEROS SEM DROGA”!!! Só não sei até quando esse calmante fará efeito...