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é pedir demais?!

quase quatro anos aqui e tudo que não queria é ser isso que sou hoje. esse ser meio complexo, que pensa demais.
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às vezes, penso que pensar de menos me tornaria uma pessoa mais feliz e menos agitada. ando muito insatisfeito. no que me tornei?! que tipo de pessoas quis/quero ao meu lado?! no que passei a acreditar?! quatro anos! são quatro que mais parecem uma vida toda. uma vida toda pra aprender de uma vez por todas a ser ruim, fato!
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outro dia desses, investi numa amizade. eu 'tava com a cabeça meio le-lé na hora. mas, mesmo assim percebi que valia a pena. e eis que uma amiga nem tão amiga assim veio me alertar para tomar cuidado com aquela.
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nunca gostei de tomar cuidado em relação às minhas amizades. nunca dei ouvidos aos amigos de cuidados excessivos em relação a minha pessoa. sempre me entreguei por inteiro, não sei se por, no pior das hipóteses, desespero em virtude da solidão cada vez mais gritante em terras sertanejas ou por bom samaritanismo demasiado acreditar nas pessoas, dar a elas a atenção que mereceram ou por crer que todo mundo tem direito a uma segunda chance. falo de amizade, não de qualquer amizade.
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meus amigos sempre me disseram pra não confiar em fulano de tal, geralmente num outro amigo meu. teimosia deveras é verbo gritante dentro de mim. todas as vezes me estrepei, mas levantei de novo, às vezes perdoando quem me traiu e tentando enxergar o que de mais qualitativo tinha em certa pessoa próxima em detrimentos dos vícios de essência. na maioria das vezes, fui mais ouvidos do que meramente falei.
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no entanto, hoje, não consigo mais entender as pessoas, também não me esforço para fazer isso. ando impaciente, egoísta, possessivo. sou semelhante a quase todos de pouco coração agora, mais um, mesmo multidões não cabendo mais em mim.
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(e olhe, não esfrego na face de ninguém essas minhas lamúrias, não. mas sou umano, caramba. e não tenho vocação pra atingir o mais alto grau de insanidade em prol do outro, não. não aguento mais!)
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mas, disso tudo sempre sobra uma lição (mais tarde esquecida, como sempre esqueci muitas outras) a qual acerca dela minha mãe sempre alertou noutras palavras que não estas de Guimarães Rosa: "querer o bem com demais força, de incerto jeito, pode já estar sendo se querendo o mal por principiar". só que, quem diabos escuta mãe ou pai numa idade dessas de prazeres efêmeros, porém intensos, porquanto achando toda esse palavreado do escritor mineiro muito bonito nos livros?!

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e eis que aqui estou. plantei e semeei meu próprio mal, dores minhas, alhures igualmente. tudo por culpa minha. claro, como cuidar só do outro?! não me posso julgar certo no meio de uma gente toda que pensa certo o que acho errado. não sou deus e não gosto de criar leis.-
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mas também não quero fadar sempre ao encontro de só mim mesmo. as pessoas são assim, não posso ensejar que elas mudem in absoluto ao meu bel pensar da vida. mas, não nego outrossim que elas próprias, então, assustam-me, amedrontam-me. não confio mais nelas tanto quanto sequer confio em mim.
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pra falar na real, enfim, meu coração tem se tornado um rio de veredas ainda mais secas, entremeado de reticências, interrogações e idéias inconclusas. sertão é aqui dentro mesmo.
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"sertão é onde o pensamento da gente se forma mais forte do que o poder do lugar. viver é muito perigoso..." assim, cada um carrega o sol que merece. não só o que ilumina apenas. mas, sobretudo, o que mais rasga e tinge tão somente de sofreguidão o que deveria ser colorido em plenitude.
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só queria um abraço. ora uma palavra de verdade. é pedir demais?!
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p.s: termino esse texto agora e o celular toca aqui. sabe quem é?! mais uma amigo de pernambuco. eles ou minha mãe adivinham quando preciso conversar. vou atender. abraço!