acho que, na vida que vivemos, pra tudo é preciso achar um meio termo. esse lance de ser politicamente correto é chato. ser politicamente incorreto, pior ainda. não basta teorizar o respeito, o quão nossa sociedade pede respeito e que deve se deve dar ao respeito para ter respeito, porque respeito não é isso. respeito não é uma imposição: ou surge com vc ou surge em vc.
se eu alguma vez senti ódio dos aposentados, quando numa fila de banco, claro, respeitei o lugar dos mesmos na fila do banco. se meu ser foi acometido por ódio de forró ou de ana carolina quando uma amiga a escutava, em nenhum momento a pedi para mudar a música porque meus ouvidos assim desejavam. se falei, certa feita, que não gostava de homofóbicos/heterofóbicos na mesma proporção que não suporto viadinhos e seus vocabulários chulos (pq não gosto de nem um nem outro de verdade!), em nenhum momento me retirei de onde estava ou pedi que saíssem de junto de mim. se não gostei de policiais porque abusam da autoridade, de forma alguma, escondi minha opinião a respeito deles, mas também jamais os desacatei. se alguma vez externei que deus não existe, sequer retirei de alguém o direito de voar na fé, acreditar ou não acreditar, ser ou não ser (…)
respeito, primeiro, começa sabendo lidar consigo mesmo, suas opiniões e convicções para só depois atravessar a figura do outro sem aquela necessidade toda de julgar a própria opinião a mais correta. porque não existe verdade mais correta. paira aí a diferença entre quem respeita e quem diz que respeita pra depois atirar a primeira pedra. afinal, quem se despreza a si próprio não deixa mesmo assim de se respeitar como desprezador.
respeito é ter coragem o suficiente para analisar os preconceitos que têm e depois procurar uma melhor maneira de conviver com isso sem que afete da pior forma possível a figura do outro. respeito não é esconder o preconceito. respeito é ter um certo apreço pelo que é ruim em si mesmo, pois até isso nos pertence. parece uma vida amoral. mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo. aliás todos temos preconceitos, haja vista julgarmos os outros pelas carcaça que nos é apresentada. isso é do homem, pois atávico por natureza.
da mesma forma que não julgo seu ninguém sem ter motivos ou às vezes cheio deles, o seu ninguém em questão não me julga sem razões ou muitas delas para tanto. se eu não gosto, a vida me ensinou a engolir sapos algumas vezes, até porque necessário se fazia, mas também me assegurou que tenho o livre direito de opinar, quando preciso, porque o diálogo, a multiplicidade de opiniões são importantes para, então, compreendermos o que se passa ao nosso redor, ainda mais numa sociedade como a nossa. não falar sobre o preconceito ou desprezo pelo outro já é, por si só, como contra-efeito, instituir uma política conivente com a falta de respeito generalizada em cada esquina.
aí, contra-parafraseio um trecho que se popularizou nas redes sociais, dizendo: se me acha insuportável, esquisito, bonzinho ou ruim demais, uma boca aberta ambulante ou tímido demais nas minhas colocações, inteligente ou burro, bonito ou feio, bem vestido ou não, preto ou branco ou amarelo, um cara mais camaleão que homem, às vezes egoísta, arrogante, que também sossega, desinquieta; se me acha tudo isso, respeite-SE, se vc achar que é o caso, pq eu me senti obrigado a me respeitar.
p.s: só pra deixar claro, não sofri ontem nenhum racismo, foi coisa pior. mas impossível não lembrar da propaganda em questão!