sempre tive fama de boa memória, no que nunca acreditei.
meus brinquedos foram cedo deixados de lado. do futebol desisti assim que fiz meu primeiro gol-contra. dos patins demorei um tanto mais para desapegar tão rapidamente surgiram os calos à carne viva. e assim sucessivamente fui escapando da infância, porque queria mesmo era ser gente grande.
assim sucessivamente, fez-se a infância sempre meio sem graça/desinteressante, embora eu tivesse quase tudo que um menino da minha idade pudesse ter, embora a poesia estivesse em cada esquina e eu tivesse pressa: desprezando tudo, mas de modo que desprezar não me pertubasse a vivência de meus dias tampouco me fizesse superior quando desprezava inocentemente (fernandopessoalizei a coisa!).
aí, às vezes, como agora, me indago se toda essa vontade de ser visto não vinha do receio de que o eu aqui nunca fui entendido pelo que amiúde me obriguei a crer que fosse. eis o local que minha memória deveras falha, sabe? ora, quem sabe, minha imaginação aventureira?
mas ainda assim escolheria a infância de outrora… claro, se pudesse. kinda sad actually!