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fecha essas pernas, menino! (ou imposições do superego)

recebi poucos elogios tão assim de repente nessa caminhada aos trinta. e falo dos que me encucaram de alguma maneira ou outra. e, por isso mesmo, lembro de todos eles, inclusive o mais recente, o que me valeu a seguinte recordação:

“você não tem olhos bonitos, como os dele, mas tem outras partes as quais se pode admirar. por exemplo, seu pescoço. seu pescoço é muito bonito…"


quer dizer, né?! pescoços?! pareceu meio sincero. achei engraçado. mas, pescoçohonestidade é coisa escassa nesse mundo.

ou vai ver, fui eu quem deixou de acreditar em mim até. ou como nelson rodrigues diria 'só o rosto é indecente. do pescoço para baixo, podia-se andar nu' e, assim, muito do contrário, deixei-me iludir pelas taras convencionais do
alheio igualmente, crendo - e já descrendo – não ser o cheiro de quaisquer pescoços igual em Seu Mais Ninguém?!

e, às avessas com esse não desabrochar de prazer, já não me é exato, ora, em que tempo da história me perdi ou a que padrões castos de encontro a sexualidade meus punhos trêmulos foram atados e eu, fraco, já sem resistência, optado por ali mesmo ficar.

aliás, fica pra outro momento melhor abordar essa neura de aceitar ou censurar meu corpo e seus possíveis atributos (?!) ao encontro dos suntuosos deleites mundanos. se é que tem fim?! fim...

ahhh, mas, você deve ‘tá perguntando o que 'fechar as pernas' tem a ver com pescoços, num é?! talvez, quase nada. mas, é que, quando pirralho, sentado àquela cadeira de balanço, e eu não usava cueca, uma tia achou por certo me dar tamanha reprimenda.

abraço!*

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