“lá em cima do morro tem dois copos de veneno quem beber morre…”
que venha 2012, mesmo ainda sofrendo de juventude…
“eu sofro de juventude. essa coisa maldita, que quando tá quase pronta desmorona e se frita. negar a boca do pai, para eu mesmo descobrir, desesperar-me de medo, perante cada segredo. o meu pai, o diretor, e o doutor juiz, juiz, juiz, me jogaram neste poço. e onde eu ouço, ouço ouço ouço. em doçuras e torturas, em pleno gozo gozo. O urubu que no seu pouso, me prepara e me separa do caroço osso osso osso. e me veste com a peste para a festa do colosso, do colosso, do colosso, ô, ô.”
– tom zé.
“até que depois de tudo não reste mais que o charme…” *
sabe quando a vida vai chegando dura perto do topo, como tendo tempo, não tendo pressa, assim na marra, no grito, no sufoco, no impulso?! dizem 40 mil anos de linguagem ou mais que isso não serem absolutamente suficientes para explicar de fato o porquê. afinal, qual o topo da vida?! que fito se finge alcançar?! dizem quem olha de cima sente-se pleno, dono de tudo, pois felicidade, felicidade deveras dá aquela sensação de ser maior que si, gigante igual kingkong pendurado ao prédio mais alto e batendo forte no peito, como se nada mais tivesse importância. mas e o medo? e mudar?! mudar tem daquilo que se pede baixinho, mas com vontade, bem ou mal, sem edição original, tem daquela burrice bonita de que é feita a última esperança. mudar tenha lá da recompensa do crescimento, comigo, com Deus, com o sentido-eu da palavra infinito… ou um fardo a ser levado por toda uma vida por não conseguir mudar coisa alguma. não agora, ao menos. pois não é a vida que passa desenfreada, somos nós que não sabemos passar. só me desculpe se te desaponto..
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* Paulo Leminski
o erro foi meu, absolutamente meu!
todo mundo tem algo que preze ou guarde com carinho, desde um um cd riscado do los hermanos, tão riscado que nem eu escuto mais, pq quem não gosta de fato do estrago? agora tenho os cinco anos.
os cinco anos que prometi nunca mais escutar los hermanos. os cinco anos que cheguei aqui e me perdi numa cidade tão pequena. os cinco anos de dilemas e de dias tão paradoxalmente felizes e difícieis. os cinco anos de uma vontade insana de abandonar tudo, e querer esse tudo em cinco anos pra chegar neste local e tempo em que me vejo e encontro agora. os cinco anos tentando deitar, dormir e acordar bem no dia seguinte. os cinco anos dos sonhos reduzidos aos reiterados hábitos da vida doméstica. os cinco anos da minha luta contra o Direito todas as tarde de segunda a sexta. os cinco anos de noites a fio, estudando muitos compêndios normativos que se sucedem, sobrepõem-se, contrapõem-se. os cinco anos de minhas idas/vindas para/da casa de meus pais. os cinco anos com gentes, valores, pensamentos, linguagens e cultura diferentes. os cinco anos das melhores gentes que encontrei em toda minha vida. os cinco anos das piores gentes também. os cinco anos dos melhores amigos. os cinco anos das piores e igualmente das melhores lembranças. os cinco anos das tentativas frustradas e frustrantes. os cinco anos dos desafetos, dos rancores e das esperanças perdidas. os cinco anos da farsa, da força e da incoerência. os cinco anos dos meio-dias mais quentes e dos 'por-dos-sóis' mais bonitos que já vi. os cinco anos percebendo-se quase sertanejo ao ver chuva. os cinco anos chorando de felicidade, vibrando feito louco ao ver chuva. os cinco anos de poucas chuvas. os cinco anos das calorosas, das lentas e das terapêuticas madrugadas. os cinco anos das farras, muitas cervejas e da pouca vergonha na cara. os cinco anos dos amores desmedidos, efêmeros e incompreendidos. os cinco anos de muito sexo e orgia. os cinco anos da porra-louquice. os cinco anos dos desejos contidos. os cinco anos tentando acertar. os cinco anos desejando errar de novo, pq em cinco anos acertar é insuportável. os cinco anos de uma convivência e conivência quase impossíveis. os cinco anos de um passado comum. mas os exatos cinco anos que me trouxeram de volta ao lugar de origem: “o que diabos estou fazendo aqui?!” “para onde diabos vou agora?!”, pq pouco restou do tempo, além de somas e trocos.
e que venham mais cinco, para que eu possa riscar o que de ruim houve nestes cinco da memória com aquela insossa sensação de alívio ou não… pq devo ter esquecido parte de minha alma em algum lugar, talvez, contente da minha anonimidade.
Que canção me faz doer por dentro?!
qualquer uma dessas que me deixa feliz, faz-me rir de graça, seguir achando que só eu existo no mundo, sendo tão nada e tão tudo, e mais ninguém, por aí cantando, exatamente feliz, aquela que diz assim:
(…)
"Por isso vou ficar mais um pouquinho
para ver se eu aprendo alguma coisa
nessa parte do caminho.
Martelo o tempo preu ficar mais pianinho
com as coisas que eu gosto
e que nunca são efêmeras
e que estão despetaladas, acabadas
sempre pedem um tipo de recomeço…
pq feliz demais eu estou… no index do que se pode, um crime perfeito: outra vez. às vezes…
#nowplaying Propeller Seeds – Imogen Heap
♪♪ Unfold, where does this history goes?! ♪
todos esses últimos dias consinto escorrer tudo pacífico no tudo que não fenece. não tô bem, mas me sentindo estranhamente bem. não tô feliz, mas me sentindo estranhamente feliz. tô morrendo de saudades, mas me sentindo estranhamente sem nenhuma saudade. se isso é bom, sei e estranhamente não sei. qualquer coisa é qualquer coisa, sem considerar rídiculo qualquer paradoxo nisso. tristes tropeços, trastes típicos, tristes tópicos, antigos trocadilhos. tudo se trance em meus olhos infantis que enchem de lágrimas. humildade miserável, você ri cruel. sou um fracasso, e os jornais falam sou superbacana - muito muito muito pouco porque as coisas deveriam ser mais quadradas…. ♪ call me for sweet dreams of him, where does this story go? what does this story know? what does this story hold for us? ♪♪ (…)
sobre o respeito…
acho que, na vida que vivemos, pra tudo é preciso achar um meio termo. esse lance de ser politicamente correto é chato. ser politicamente incorreto, pior ainda. não basta teorizar o respeito, o quão nossa sociedade pede respeito e que deve se deve dar ao respeito para ter respeito, porque respeito não é isso. respeito não é uma imposição: ou surge com vc ou surge em vc.
se eu alguma vez senti ódio dos aposentados, quando numa fila de banco, claro, respeitei o lugar dos mesmos na fila do banco. se meu ser foi acometido por ódio de forró ou de ana carolina quando uma amiga a escutava, em nenhum momento a pedi para mudar a música porque meus ouvidos assim desejavam. se falei, certa feita, que não gostava de homofóbicos/heterofóbicos na mesma proporção que não suporto viadinhos e seus vocabulários chulos (pq não gosto de nem um nem outro de verdade!), em nenhum momento me retirei de onde estava ou pedi que saíssem de junto de mim. se não gostei de policiais porque abusam da autoridade, de forma alguma, escondi minha opinião a respeito deles, mas também jamais os desacatei. se alguma vez externei que deus não existe, sequer retirei de alguém o direito de voar na fé, acreditar ou não acreditar, ser ou não ser (…)
respeito, primeiro, começa sabendo lidar consigo mesmo, suas opiniões e convicções para só depois atravessar a figura do outro sem aquela necessidade toda de julgar a própria opinião a mais correta. porque não existe verdade mais correta. paira aí a diferença entre quem respeita e quem diz que respeita pra depois atirar a primeira pedra. afinal, quem se despreza a si próprio não deixa mesmo assim de se respeitar como desprezador.
respeito é ter coragem o suficiente para analisar os preconceitos que têm e depois procurar uma melhor maneira de conviver com isso sem que afete da pior forma possível a figura do outro. respeito não é esconder o preconceito. respeito é ter um certo apreço pelo que é ruim em si mesmo, pois até isso nos pertence. parece uma vida amoral. mas o que é verdadeiramente imoral é ter desistido de si mesmo. aliás todos temos preconceitos, haja vista julgarmos os outros pelas carcaça que nos é apresentada. isso é do homem, pois atávico por natureza.
da mesma forma que não julgo seu ninguém sem ter motivos ou às vezes cheio deles, o seu ninguém em questão não me julga sem razões ou muitas delas para tanto. se eu não gosto, a vida me ensinou a engolir sapos algumas vezes, até porque necessário se fazia, mas também me assegurou que tenho o livre direito de opinar, quando preciso, porque o diálogo, a multiplicidade de opiniões são importantes para, então, compreendermos o que se passa ao nosso redor, ainda mais numa sociedade como a nossa. não falar sobre o preconceito ou desprezo pelo outro já é, por si só, como contra-efeito, instituir uma política conivente com a falta de respeito generalizada em cada esquina.
aí, contra-parafraseio um trecho que se popularizou nas redes sociais, dizendo: se me acha insuportável, esquisito, bonzinho ou ruim demais, uma boca aberta ambulante ou tímido demais nas minhas colocações, inteligente ou burro, bonito ou feio, bem vestido ou não, preto ou branco ou amarelo, um cara mais camaleão que homem, às vezes egoísta, arrogante, que também sossega, desinquieta; se me acha tudo isso, respeite-SE, se vc achar que é o caso, pq eu me senti obrigado a me respeitar.
p.s: só pra deixar claro, não sofri ontem nenhum racismo, foi coisa pior. mas impossível não lembrar da propaganda em questão!
sobre o dia dos pais…
Tem um autor que gosto muito, cujo livro considero a obra mais importante não só da literatura brasileira, mas também mundial. O nome dele é Guimarães Rosa. A obra, Grande Sertão: Veredas.
Nele tem um trecho muito bonito que diz: "O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
E, no momento que digito esse email, ele não poderia ser mais oportuno. Primeiro, porque diz muito do momento em questão. Após muitos anos, crio ânimo pra parar, pensar, escrever, depois digitar e enviar uma mensagem de dia dos pais que há muito não fazia, resumindo meus atos numa breve mensagem de celular ou num seco desejar de felicitações ao telefone. Segundo porque a citação expressa a imagem de pai, do pai que eu, Gregório e Francisco temos a oportunidade de vislumbrar no momento.
Valfredo Gomes de Santana, no auge dos seus cinquenta e poucos anos, reflete não menos que coragem.
Isso porque foi preciso coragem pra por esse três meninos que somos no mundo, manter a calma e paciência pra acordar todos os dias e ver uma melhor forma de nos criar, iluminar os nossos caminhos obscuros, com afeto e bastante dedicação, tarefa difícil e árdua esta que nos inspira a pautar nossos atos de forma igual, talvez melhor, quem sabe?
Coragem porque é preciso coragem para abdicar da comodidade do quotidiano, para renunciar os próprios sonhos, a fim de que realizássemos os nossos porque os nossos são os seus. Coragem porque nas ocasiões de nossos fracasso, soube engolir um choro e nos oferecer um consolo com segurança tamanha que não se encontra em qualquer outro lugar.
Não há palavras pra agradecer, mas não poderia fazer isso diferentemente já que não posso dar o abraço tímido e acanhado tão típico de minha pessoa. Mas, sinta-se abraçado de alguma forma.
Que essas palavras sirvam de parabéns e alento para que possam existir mais anos para que, juntos, possamos comemorar mais vezes estes dias, ainda que à distância, mesmo com toda a correria, todavia, com todo dia, com todo ia, todo não ia. A gente vai levando...
Abraço!
Feliz dia Dos Pais!
Valfredo Mateus.
#nowplaying Springfield or Bobby got a shadfly caught in his hair - Sufjan Stevens
♪ "i don't care I'm not about to stake my grave with a paper and a bucket of plans never ever..." ♪♪
você passa uma eternidade dentro de uma sala de aula na escola. depois vem a faculdade. uns seguem para o mestrado e por aí vão em diante. aprendendo um punhado de coisas que não sabem pra que exatamente usar durante uma vida inteira, certamente.
porém não há sala de aula no mundo que ensine só poderem muitas de nossas paranóias ser tão somente externadas num divã, claro, se fulaninho qual seja não quer parecer um idiota em meio à bagunça organizada de tanta gente ou não suporta mais sucumbir à doidice toda de si mesmo.
não vá chorar o leite derramado agora pra quem quer que seja. não faça isso. acene, ria, diga bom dia - boa tarde - boa noite ou qualquer coisa que sirva de cumprimento, pergunte como vai e no final simplesmente elogie. elogie e se não lhe doer todo esforço sorria descompassadamente novamente. é assim que fazem, é assim que se torna motivo de orgulho para os seus.
aja sempre assim. sempre nessa ordem. e sejamos sempre essa imagem rizível do outro pra lá de toda essa gritaria de criança, dos ruídos radiofônicos e dos holofotes fluorescentes após perguntarmos de quem somos especiais e se valeu à pena. um dia o ardor de dor nas costas só piora enquanto o hoje é só mais um começo…
#nowplaying Set Fire To The Rain - Adele
e a chuva não tem dado uma trégua sequer. às vezes, o céu de um zeus furioso sabe-se nunca por que motivo (parece) vai desabar sem dó e piedade. é ira, é prenúncio de dilúvio. outras é só garoa, um chuvisco fraco, chegando macio, devagarinho como o que cai agora…
começa sempre com uma pressão danada aqui embaixo que faz forçosamente gotas malemolentes subirem às extremidades superiors vagarosamente. e numa cadência só, os pingos quase invisíveis vão juntando-se a poeiras de vastos horizontes com a ajuda do sopro dos ventos.
ficam mais fortes, pesados, ceifam as nuvens, caem por terra e, em harmonia e felicidade, balançam as árvores, matam a fome dos jardins, rosas que desabrocham em quimera, charme e beleza. fluxo este que se refaz a fecundar ou amadurecer a vida.
e o frio da rua invade nossas casas, uma preguiça se faz presente e o cobertor parece a melhor companhia quando o café não faz questão de invadir nossas narinas e anunciar uma vontade imensa e desmedida de adiar o tempo.
momento natural e mágico de felicidade tal que pode ser arrebatado pelo ligeiro descontentamento de percebermos que os sonhos cândidos dos primeiros anos da tenra e leda existência ao desenhar um sol no chão molhado nada adiantaram senão para, sorrateiramente, fazerem rirmos hoje saudosos do fato de que, quiçá, tivéssemos sido tolos o suficiente de crer que isso um dia poderia acontecer.
homens e mulheres abrem seus guarda-roupas, libertam os casacos dos cheiros impregnados dos matadores de baratas, vestem suas capas e põem abertos os guarda-chuvas e sombrinhas ou desagasalhados, infelizemente, lamentam a miséria junto aos ratos saltitantes nas ruas…
#nowplaying Beth / Rest – Bon Iver
não basta viver para o bem porque independentemente do que se faça toda e qualquer a ação sempre dependerá do outro polo da relação. o círculo é vicioso, previsível até demais. é assim dentro de casa, é assim na vizinhança, na escola, no trabalho, é desse jeito em qualquer dimensão da vida. a gente voa na paciência, lamentando intimamente – baixinho – essas migalhas de contentamento, morfo e poeira –, que a vida nos dá quotidianamente como consolação em risos de vergonha para depois redescobrir que o tempo é mesmice, é só mais um querer empacado que impulsiona, bem ou mal, a incorrer nos erros de sempre: tudo desarranjando, tudo assustando, tudo acovardando, desbotando, descolorindo, começando a perder o sentido, precisando ser avivado com nova seiva, para que a vida continue a pulsar visceralmente. e infeliz engano: a esperança nem salva, dá asas e aprisiona, prega-nos uma peça em meio a tanta sujeira incrustrada, perante o entregar-se à sorte como comparsa lançada ao vento, em terra e céu.. ♪♪♪ this is us. ♪♪…
“Não pense que sou contrário às máscaras! Pelo contrário.”
o desejo é um tempo parado. é quando se trocam as datas dos bichos e das flores. é quando aumenta a rachadura da velha parede. é quando se vira a folha, a folha da história. é quando se pinta um fio branco na cabeleira preta. é quando se endurece o rastro de sorriso no canto dos olhos…
- meu mundo - otto part. lirinha -
é assim. todos os dias. as madrugadas abrem-se, todas dengosas e impunes, ao sol nas manhãs de dias ainda mais esfomeados pelo sono de muitas gentes. tantos planos, tantos desejos de tudo dar certo que a esperança faz parecer realmente que dará certo. e eu me empolgo, cochilo, guturo palavras inconscientes e aí já é hora. os olhos insinuam um desabrochar tímido. vem o amargo na boca travando a mandíbula. o coração arrebata e logo depois endurece. hora de pensar, fazer listas e mais listas nas portas dos guarda-roupas, em lembretes apregoados nos espelhos e geladeiras, em papéis picados de vontades prementes que, muito displicentemente, são deixados para trás, quando não tudo fria, calculista e premeditadamente, é digitado numa página de uma rede social dessas quaisquer que só servem para adiar, adiar e adiar sonhos tais ainda mais. toda fonte é sagrada? toda água é doce? toda alma é pura? toda hora é bela? ou é senão todo um sistema de simulação inventado (…) para ocultar a desordem…? e, assim, o dia tão veloz passa, escapulindo, com o vento, do meu alcance. as mãos pegam fogo e eu, já sem as digitais que me são peculiares, prostrado ao por-do-sol, quem sou mesmo?! a existência como uma ninharia. fica um vão…
“especialmente depois do que aconteceu entre você e claire, alguma vez já desejou ter me escutado e se salvar de um punhado de dor?!”
escolhas. opções entre coisas, pessoas, procedimentos, situações etc. que se oferecem ou estão disponíveis. ação ou efeito de escolher. seleções, decisões.
uma rápida olhada ao redor e elas estão em todo lugar. por vezes, são esse dar as caras brutalmente da vida, vindo à tona, invadindo-nos e nos fazendo caminhar pelo mundo às cegas, em curvas, em retas, em círculos, ora para frente, ora para trás, esbarrando em esquinas, tendo de decidir sem tempo necessário a melhor pensar consequências. mas, tem dias que são só escolhas. escolhas fruto de um desejo qualquer inevitável, sem forçação de barra. e é bom, acende uma alegria tipo curumim…
nem sempre também são uma questão de poder ou não poder. a moral de cada dia fez bem sua parte. escolhas são tomar um risco. pular de um penhasco. saltos para o desconhecido sem nenhuma certeza. e aí se pode passar toda uma vida agarrado nesse medo. ou dá-se um salto para, então, ver o que realmente sucede depois.
um nome que colocamos. uma qualidade ou defeito contra qual lutamos em vão. vícios e virtudes que alimentamos para só passar. um não ir com vontade de ir. um aniversário que comemoramos. e outros tantos que fazemos questão de deslembrar. um x que marcamos no vestibular. uma opinião que calamos na faculdade. a bebida que hesitamos. a bebida que nos faz cair e rir. uma cidade para morarmos. muitos amigos a imaginarmos. amores despedaçados em prol de um ideal pessoal maior. o leite, o sentimento, a bruta, esfera, o fim, o jeito, o medo, o beijo, o vero, o ero, o raro, o falo, o dado, o olho tosco, o rosto, sopro, gosto ruim, o dado, o olho tosco, o rosto, solto ruim…
apostas sempre altas. não há o que duvidar ou temer. e até esse sentimento inquietante que se tem diante de perigo ou ameaça não é permitido. nada menos que a perfeição, exige-nos pois mais parece todos os dias serem sempre não menos importantes que o anterior ou últimos em nossas vidas.
são muitos os desatinos, muitos os desarcertos e raros sucessos. tudo o mais conspirando, enfim, para que cheguemos em algum lugar. esse lugar em que me encontro agora. essa esperança que eu e você alimentamos para o amanhã, quem sabe?!
a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso, sem necessariamente ser da sorte a última palavra. afinal, parafraseando Anita, não existem destinos, mas milhares de caminhos diversos e somos livres e ao mesmo tempo escravos para sempre. estranho, né?!
algumas pessoas estão apenas começando. ou recomeçando. outros se vão muito cedo sem a chance de começar, recomeçar ou jogar tudo para o alto e abandonar escolhas alhures ou fazer tudo de novo quando imprescindível fosse. quase nunca tem volta. mas, meu coração bate ainda mais forte. e depois… e depois… e depois…
“ainda há fogo em mim, queria sempre assim…”
madrugada. a brisa fria que entra pela narina e a hora em que pareço viver mais. sou só eu sem aquela necessidade toda de falar com alguém, esgueirar-me na aprovação e, assim, disfarçar preconceitos ante comportamento e dizeres sagazes das línguas vorazes venenosas. sou só eu sem vontade de dormir e prolongar esse momento e nenhum desejo de acordar depois. o medo não ensurdece, ao menos, meus ouvidos. e, assim, comungamos sonhos e vontades e depois, ahh, depois ensaiamos eu e a madrugada uma dança. a girar, girar, girar. liberto, libero, integro, descubro. a girar, girar, girar e, só, a pensar ser tudo vida. sou só eu e minha grandeza que grita. ninguém passa. ninguém vê. ninguém escuta. eu saio em festa, sendo esse pouco do nada, invisível, clandestino, profano, pervertido e estupidamente contente. nada mais parecendo importar…
e eu, de "é", de "sim", de "foi"…
“namorinho de portão, biscoito, café, meu priminho, meu irmão... conheço essa onda, vou saltar da canoa. já vi, já sei que a maré não é boa. é filme censurado e quarteirão. não vai ter outra distração. bom rapaz, direitinho desse jeito não tem mais...”
- tom zé. -
é quase mágico achar que o amor é sem fronteiras, que tem paciência e aceita todas as limitações alheias. foi assim no sonho.
foi assim de achar que se está sempre nas mãos do cara lá de cima, sem atentar que o amor é tão estranha e perigosamente cheio de arroubos.
e agora acordei com aquela hesitação ante uma raiva, pós-sonho, nada danada e descontrolada que se transferiu, então, plena para a vida real. por quê?! pois eis o assalto de crer ser nenhum amor tão grande e suficientemente guardado para se amar pelos os dois. por nós dois. por mim, acabrunhado de tanta solidão: modesto, barato, capaz de cuspir no prato.
e, oh, doce agonia, afinal é só isso: um "viver feliz" por dois anos ou eternidade e nada mais?! e eu, de "é", de "sim", de "foi"?! e se eu não quiser nem isso nem aquilo?!
aí vão dizer que sem amor é tudo sofrimento. mas, de onde vem, para onde vai e onde me leva esse turbilhão de emoções desvairadas, a maioria, que sinto?!
sei lá. meu próximo passo, quiçá, seja gritar junto aos mocinhos e às mocinhas da novela.
abraço!*
qual desses bobos me tornei?!
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
(…)
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos. Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.
[Clarice Lispector]
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esta semana completo mais um dos meus tão falados 20 e poucos. felicidades ou não pra mim, né?! abraço!*
reflexo. refluxo.
“Have you forgotten your babies?
You really must remember not to leave them at the neighbors…”- Eliza Doolittle, em ‘A Smokey Room’ -
aqui pensando, as pessoas sempre se escolhem ou por química ou simplesmente circunstância. as razões para tanto parecem óbvias. e no meio disso tudo sempre tem aquelas que, com o tempo, precisam de alguém que fale por elas, que se expresse por elas, que chore por elas, que sorria por elas, etc. e tal como se tivessem desaprendido o linguajar do outro, como acaso fossem os sentimenos essa dança misógina de alguns avanços e muitos vãos recuos. movimento reflexo. refluxo. o outro que há em mim é você você e você, justificariam exaltando Leminski. mas, a vida é tão ruim assim pra deixar-se impressionar demais?! quando só se inspira em alguém também se está dissimulando algo de si: escondendo-se. mentir e ainda sentir-se surpreso?! mas só estou pensando... só pensando.
o sempre avesso do outro.
o que me despertou foi o zurro de um jumento na praça do mercado. o jumento mexeu comigo e, não sei por que estranho motivo simpatizei com ele; e repentinamente tudo se tornou claro na minha cabeça.
- dostoiévski, em ‘O Idiota’ -
de dia, na companhia dos meus amigos, na sala de aula, na minha relação com minha família, nas festas, sou amável, dado demais, brincalhão, de uma gargalhada ímpar, sem preocupações e sempre tenho uma palavra amiga e acalentadora.
tudo a ponto de fazer com que as pessoas, de um modo geral, não me vejam como um rapaz perdido em cismas quando sozinho, tímido, inseguro, às avessas com a madrugada de muitos pensamentos, insone e pertubada.
e aí, frequentemente, tenho me perguntado que papel têm os rótulos nas nossas vidas. dizem que sou pra frente, sem vergonha na cara, esse ser todo desinibido. acredito?! não sei até que ponto.
ser absolutamente isso ou aquilo traz perigos muitos como, por exemplo, o fato de nos arraigarmos a urgência de corresponder a certos padrões de comportamentos que não desejamos necessariamente, mas que por eles optamos e nos orientamos justamente porque esperam que assim ajamos. e, talvez, por isso seja eu ou você um louco, ora um santo e o sempre avesso do outro, vagando periclitantemente entre a simpatia e a estranheza, a graça e a desgraça perante o olhar alheio.
no entanto, desempenhar papéis requer não só cuidado, mas coragem acima de tudo. é preciso desafiar as zonas de conforto. a ideia de perfeição que alimentam por nós mesmos e sobre nós mesmos é tão às vezes demasiado ruim que destruí-la, por ação ou omissão, seria concomitantemente não só nos atingir mas ao outro em escala não tão boa na mesma proporção.
pois, uma vez movidos pela paixão, completamente cegos, estaremos propensos a justificar essa esperança justamente onde não há. e o resultado: a desilusão de descobrirmos nada do que achamos que erámos tão somente por um ataque de vaidade desesperada.
em um mundo que constantemente muda debaixo da gente, disseram-me certa feita que a única coisa da qual sabemos com certeza é o que expressa nossos sentimentos. razão porque devemos dar vazão ao amor que temos, ao medo do qual nos escondemos, à dor de que nos afastamos. as recompensas seriam paz na cabeça no coração.
mas, que paz é essa?! e se eu disser que não sou tão pleno quanto pareço?! o desejo cala, raramente ignoro a verdade, mas, de vez em quando, bate aquela vontade medonha de querer ser criança novamente. não aguento mais!
abraço!*
fecha essas pernas, menino! (ou imposições do superego)
recebi poucos elogios tão assim de repente nessa caminhada aos trinta. e falo dos que me encucaram de alguma maneira ou outra. e, por isso mesmo, lembro de todos eles, inclusive o mais recente, o que me valeu a seguinte recordação:
“você não tem olhos bonitos, como os dele, mas tem outras partes as quais se pode admirar. por exemplo, seu pescoço. seu pescoço é muito bonito…"
quer dizer, né?! pescoços?! pareceu meio sincero. achei engraçado. mas, honestidade é coisa escassa nesse mundo.
ou vai ver, fui eu quem deixou de acreditar em mim até. ou como nelson rodrigues diria 'só o rosto é indecente. do pescoço para baixo, podia-se andar nu' e, assim, muito do contrário, deixei-me iludir pelas taras convencionais do alheio igualmente, crendo - e já descrendo – não ser o cheiro de quaisquer pescoços igual em Seu Mais Ninguém?!
e, às avessas com esse não desabrochar de prazer, já não me é exato, ora, em que tempo da história me perdi ou a que padrões castos de encontro a sexualidade meus punhos trêmulos foram atados e eu, fraco, já sem resistência, optado por ali mesmo ficar.
aliás, fica pra outro momento melhor abordar essa neura de aceitar ou censurar meu corpo e seus possíveis atributos (?!) ao encontro dos suntuosos deleites mundanos. se é que tem fim?! fim...
ahhh, mas, você deve ‘tá perguntando o que 'fechar as pernas' tem a ver com pescoços, num é?! talvez, quase nada. mas, é que, quando pirralho, sentado àquela cadeira de balanço, e eu não usava cueca, uma tia achou por certo me dar tamanha reprimenda.
abraço!*
quantos mal me quer existem em única flor?!
pensar demasiado, além de me parecer essa desgraça toda, é de um caos tão grande que a força do momento é incapaz de me fazer vislumbrar o sentido, de imediato, da porrada de pensamentos desorganizados que vão se perfazendo a cada minutinho que são tanto mais infinitos quanto parecem ser os acasos, descasos e coincidências do meu dia-a-dia.
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daí porque sou louco varrido, apaixonado por livros, filmes, peças teatrais, músicas que tenham um eu centrado, organizado em suas ideias. minto. é mais inveja de minha parte: tenho inveja dos que sabem organizar suas ideias da mesma maneira como é narrada nos livros, filmes, peças teatrais, músicas que tenham um eu centrado. não é amor. não esse sentimento tão belo quanto dizem sê-lo. ou o amor não é isso ou eu não sei amar. ou o prazer é bem diferente da felicidade.
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não bastasse isso, com os meus pensamentos, vêm as ideias em relação ao outro, essa loucura que é nossa passagem por aqui, enfim, de estar sempre se jogando para o desconhecido e ainda assim continuar tentando e tentando e tentando ainda que do lado oposto não exista ninguém que não seja mera projeção de nós mesmos, seres falhos em potencial, pois estaremos sempre atravessados por esse externo.
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e sobre o amor, a beleza dói muito. dói porque é perigosa, é violenta, meus olhos ardem e se enchem de lágrimas. aí pergunto: é normal ser feliz e chorar mais que rir?! viver nessa corda bamba entre o desespero e o tédio?! nessa linha tênue entre a revolta e a humilhação?! é normal chorar sangue ou tinta vermelha?! é normal?!
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tenho medo desse tipo de pensamentos, sabe?! às vezes acho que estou ficando doido, uma vez não ver o mundo com os olhares pacientes e calmos de muita gente por aí. e, mesmo crendo eu caminhar de alguma forma, a sensação é de estar parado ou de remar em círculos motivado pelas expectativas alheias, como se minha vida tivesse se resumido a só questionar ou, infelizmente, seguir uma série de regras que não são nem minhas posto o pensar também ser uma regra, um verbo chato que me aflige pra não passar a impressão de ignorante ante gente que nem dou valor ou gosto devidamente, já que vaidade também é norma das mais anacrônicas.
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e, assim, uma aflição maior: quem sabe, por pensar demais, não me estou, crendo fazer um bem, alimentando um mal maior?! e se esses pensamentos não valerem de nada e, na pior das hipóteses, eu acabar num manicômio, abandonado, sozinho, como é o destino de muitos que se prestam a esse ato de coragem ou falta dela, sei lá?!
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afinal, do que preciso me libertar?! e nesse pensar desgraçado, desorganizado, dolorido, humilhante, entediante, verbo chato, o cerne da questão nem sempre é quem eu sou ou o que tenho me tornado ao longo desses vinte e poucos anos. responder isso me parece mais fácil do que aparenta complicado. a questão é mais dramática: que escolhas tenho feito?! pensando, pergunto-me indiretamente qual o preço delas e cada escolha tem lá seu valor, como, por vezes, achar, por conta própria, que o nada é tão nada quanto o tudo é nada ou compartilhar da opinião de um amigo distante que diz 'ser sangra'.
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e, assim como ele, tenho sangrado, buscado respostas para muitos de meus questionamentos interiores, velozes, vis e vãos até. se isso é bom, agora, agora mesmo, nem sei. esses sentimentos que a mente da gente alimenta de não estar por dentro das coisas, de não acompanhar o ritmo ou dimensão que tomam, eles nunca vão embora, não sorrateiramente como a gente enseja. pelo menos, é essa a impressão que tenho nesse exato instante.
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ser adulto, talvez, seja saber quem você é e ter a coragem de ser essa pessoa sem se preocupar. mas, sou adulto?! escutei dia desses, "se há loucura suficiente para rir ou chorar, talvez exista lucidez demais em muitos casos..." - vai saber, né?!
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abraço!
que sonhos você tem?! aí se decide a vida.
este texto vai ser tão redação de escola que me lembrei de uma brincadeirinha embaraçosa, last week, do meu irmão mais novo em relação a um primo na puberdade:
‘vitor vai chegar na escola e vai fazer uma redação dizendo que as férias foram ótimas e que uma menina pegou na mão dele’.
2011 foi deixando de ser só começo de ano para abrir-se a mim em reencontros com familiares, amigos, ida às prévias de carnaval em Olinda, ao submundo do sexo e do tecno-brega na Av. Boa Vista (centro do Recife), depois Mayer Hawthorne, Janelle Monáe e Amy Winehouse no Summer Soul Festival e show de Bethânia semanas depois em João Pessoa, etc e tal, e no melhor das férias, Praia Azul, litoral sul paraibano.
e, assim, eu como todo amante de sol, brisa fresca e mar, novamente fiz como quem parece rumar às praias de veraneio, sem muita movimentação, quase desertas, perseguindo os iguais anseios, dentre eles deixar as pressões da cidade na própria cidade e seguir em busca de tranquilidade. ou ao menos, estar mais próximo do que se é ou imagina ser na verdade. porque, na cidade, é um tanto difícil perceber um outro lado que não o ruim, senão o pior, das pessoas. ora, o pior de nós mesmos, vai ver…
e com o mar rente a mim, das muitas coisas que se faz em cidade praiana, a melhor mesmo é parar, sentar na areia, botar uma boa música pra tocar (e Mayer Hawthorne foi a trilha sonora do verão!) e fixar o olhar no nada e, deste, ir despropositadamente preparando o terreno para que possa surgir tudo.
e muitas vezes apareceram o menino que se melava todo de areia e corria pra abraçar o mar; o pai que se fazia de bobo ao jogar futebol com os filhos, deixando-os ganhar; a avó que dizia aos berros para um pequenino Henrique, juntamente ao seu irmão gêmeo, tomarem cuidado e não molharem a senhora sentada na areia; os guarda-sóis coloridos que voavam ao tilintar feroz dos ventos; as pipas que riscavam sonhos de Ícaro no céu; o meu primo de 6 anos que falou docemente ser bonito os pássaros rasgarem as nuves e querer aquilo com tamanha vontade a ponto de me fazer chorar ali mesmo sem querer. e um sentido bucólico, selvagemente-melancólico, porém alegre ia se fazendo tão longe perseguia meu olhar maroto. olhos nunca antes de poeta, mas que o mar os fazia poetas.
e junto toda uma vontade de nunca mais sair dali. não por necessariamente medo, sabe?! tampouco artimanha para, então, sabotar o passar de 2011 que me aguarda nervoso. os sonhos de todos nós ali no sudeste da Paraíba eram os mesmos, mas a felicidade e a paz eram só minhas, sorrateira, arrebatadora e clandestinamente àquelas horas tão à esmo que passava sentado na areia ou caminhando sem rumo certo ou vontade de chegar, assim como, acredito, ter sido ímpar a felicidade de cada um para si próprio ali. todos, enfim, privilegiados, de alguma maneira, por podido sentir isso cada qual na sua.
chorei, pois, de emoção a minha felicidade. e fui chorando cada vez mais desse vontade, muitas vezes a olhar também contente a felicidade sincera de muitos que por ali passavam, bordando areias, desfilando sonhos de reconciliarem-se consigo mesmos, com luz de candeia pra nunca se apagar, não fosse, raros momentos nesses últimos dias, a ressaca das ondas dissimulada e cruel a quebrar na areia ou nas pedras, quem sabe?, arrombando nossos desejos mais vãos até e, como num jato de água fria, trazendo a realidade por puro despeito de não-poesia.
e, claro, minhas férias, assim como as de meu primo de 13 anos Vitor, foram/estão sendo realmente ótimas. não foram só de chô-rô-rô, não. tem até gente insistindo na mesma piada de que preto não fica bronzeado e eu rindo do mesmo jeito (até eu tô me achando pretão, gente. e lindão também. desculpaê!).
entretanto, piadas de lado, não sei qual menina agarrou a mão de Vitor, mas sei que uma outra chamada coragem e toda pintada de azul, tão azul esperança segurou a minha. e é dessa forma que creio estar um tantinho mais pronto para abrir portas, ainda que seja necessário exaurir-me em trabalhar aquela parte de mim, que, lá no fundo, bem fundão, ainda teima em dizer que tenho medo, não poderei, não conseguirei e de que portas se fecharão diante de meu nariz.
e como a vida é de portas que ora se abrem, ora se fecham, sei que o medo é dos mais bobos. das tantas escolhas, uma delas é poder deitar a cabeça no travesseiro todos os dias e saber que amanhã, se não consegui hoje, poderei acordar e tentar de novo. porque, bixo, se cheguei até aqui, não foi necessariamente por ter acertado todas as vezes, mas por ter burlado as placas de alerta, aberto as portas erradas ou, num ato de loucura, ter pulado as janelas, quiçá. cheguei, acima de tudo, por ter acreditado que janeiros estão aí sempre pra isso, por ser exatamente início e ao mesmo tempo já recomeçar.
no mais, acabei de abraçar fevereiro com todos os braços de um polvo e uma fome inigualável de tubarão.
abraço!